Vocês sabem o que são MORA, MEA, MOCA, etc...
- jcarlosperuca
- 30 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 18 horas
Abaixo segue uma explanação completa e detalhada sobre as principais referências altimétricas utilizadas nas cartas aeronáuticas, incluindo seus significados, finalidades e diferenças entre elas:
🧭 REFERÊNCIAS ALTIMÉTRICAS EM CARTAS AERONÁUTICAS
Na navegação aérea, as altitudes mínimas publicadas em cartas têm como principal objetivo garantir a separação segura com o terreno e obstáculos, especialmente em voo por instrumentos (IFR). As principais referências altimétricas encontradas são:
1. MORA (Minimum Off-Route Altitude)
Tradução: Altitude Mínima Fora de Rota
Função: Proporcionar separação com o terreno/obstáculos fora de aerovias (Off-Route).
Aplicação: Utilizada em cartas enroute (alta e baixa altitude) da Jeppesen.
Cálculo:
Garante 1000 pés de separação de obstáculos dentro da área quadrangular (latitude/longitude).
Se houver terreno com elevações superiores a 5000 pés, a separação aumenta para 2000 pés.
Formato: Um número de 2 dígitos em magenta. Ex: 42 → equivale a 4200 pés.
Tipos:
Grid MORA: cobre áreas de 1° x 1°.
Route MORA: cobre faixa de 10NM de cada lado da rota.
2. MEA (Minimum Enroute Altitude)
Tradução: Altitude Mínima de Rota
Função: Garante cobertura de sinal de navegação (VOR, NDB) e separação com obstáculos ao longo de uma aerovia.
Aplicação: Usada em rotas IFR publicadas em cartas enroute (IFR).
Importância:
Garante que o piloto possa manter navegação baseada em auxílios rádio.
Garante separação vertical segura.
Publicado em: Cartas do tipo ENRC (cartas de rota) e cartas Jeppesen.
3. MOCA (Minimum Obstruction Clearance Altitude)
Tradução: Altitude Mínima com Separação de Obstáculo
Função: Garante separação com obstáculos, mas não garante cobertura de navegação ao longo de toda a rota.
Cobertura: Garante recepção de sinal de navegação apenas dentro de 25 NM do auxílio (nos EUA) — pode variar conforme o país.
Utilidade: Útil como alternativa em voos onde a recepção de sinal não é crítica em toda a rota.
4. MSA (Minimum Sector Altitude)
Tradução: Altitude Mínima por Setor
Função: Proporciona separação de 1000 pés (ou 2000 pés, dependendo da elevação do terreno) com obstáculos dentro de 25 NM ao redor de uma estação de referência (geralmente um VOR).
Aplicação: Utilizada para situações de emergência, navegação de aproximação, holding, ou como referência geral.
Representação: Usualmente publicada nas cartas de aproximação por instrumentos (IAC).
Divisão setorial: Normalmente o espaço é dividido em setores de 30°, 90°, 120°, etc.
5. MVA (Minimum Vectoring Altitude)
Tradução: Altitude Mínima de Vetoração
Função: Altitude mínima que o controlador pode vetorizar aeronaves IFR garantindo separação com obstáculos.
Não publicada ao piloto, exceto em raras exceções. Utilizada pelo controle radar.
Cálculo: Considera obstáculos dentro de áreas menores e pode ser inferior à MSA.
6. OROCA (Off Route Obstruction Clearance Altitude)
Função: Similar ao MORA, garante separação de obstáculos fora de aerovias.
Usado principalmente nas cartas do FAA (EUA).
Cálculo:
1000 pés sobre obstáculos em áreas com elevações normais.
2000 pés sobre terrenos com elevações acima de 5000 pés.
Formato: Também aparece como número de dois dígitos. Ex: 52 = 5200 pés.
7. MEA GAP (Minimum Enroute Altitude Gap)
Quando uma rota IFR apresenta interrupção temporária na cobertura de sinal rádio, isso é representado com um "MEA GAP".
Garante ainda separação com obstáculos, mas pode haver limitação de sinal.
8. MCA (Minimum Crossing Altitude)
Tradução: Altitude Mínima de Cruzamento
Função: Determina a altitude mínima com que um fixo ou ponto de navegação deve ser cruzado.
Usada quando: A partir desse ponto, a elevação do terreno aumenta e uma altitude maior é necessária para manter a separação.
9. TAA (Terminal Arrival Altitude)
Tradução: Altitude Mínima de Chegada Terminal
Função: Garante separação de obstáculos dentro de áreas definidas no terminal ao iniciar uma RNAV (GPS) Approach.
Divisão: Geralmente dividida em setores radiais a partir do ponto de referência da aproximação.
Usada em: Procedimentos de aproximação RNAV (especialmente nos EUA, mas presente em PBN no Brasil também).
🗺️ DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS ENTRE ELAS
Sigla | Garante separação com obstáculo? | Garante recepção de navegação? | Publicada para o piloto? | Aplicação |
MORA | ✅ Sim | ❌ Não necessariamente | ✅ Sim | Fora de rota |
MEA | ✅ Sim | ✅ Sim | ✅ Sim | Ao longo da rota IFR |
MOCA | ✅ Sim | ✅ Parcial (até 25 NM) | ✅ Sim | Alternativa à MEA |
MSA | ✅ Sim | ❌ Não | ✅ Sim | Área de 25 NM ao redor do fixo |
MVA | ✅ Sim | ✅ Sim | ❌ Não (uso ATC) | Vetoração radar |
OROCA | ✅ Sim | ❌ Não | ✅ Sim (EUA) | Fora de rota |
MCA | ✅ Sim | ✅ Sim | ✅ Sim | Cruzamento de fixos críticos |
TAA | ✅ Sim | ✅ Sim (em RNAV) | ✅ Sim | Aproximação RNAV |
📌 OBSERVAÇÕES FINAIS
Altitudes mínimas publicadas podem variar de país para país, pois cada autoridade aeronáutica pode adotar critérios próprios (FAA, ICAO, DECEA etc.).
O piloto deve sempre consultar as publicações oficiais atualizadas como cartas ENRC, IAC, cartas Jeppesen e AIP.
No Brasil, as cartas são publicadas pelo ICA/DECEA e estão disponíveis via AISWEB.
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